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Blog by Dani
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segunda-feira, 19 de novembro de 2007 Umas e outrasPrimeiro, um pouco de poesia.Clique nas imagens para ver o que as duas fofinhas estão a dizer.
![]() ![]() Agora, um pouco de coisas menos importantes. Coisa de bêbados Eu sempre digo que propagandas de cerveja são as coisas mais idiotas do mundo, mas ninguém acredita. Disse isso aqui. Lá, eu falava de uma outra propaganda da Brahma, a Zeca-feira. A intenção dos publiciotários era fazer a plebe mudar o nome da sexta-feira para Zeca-feira. Zeca-feira! Vê se pode uma desgraça dessa! Então. Olhe agora essa nova peça aí da Ambev, a Zeca-hora. Existe coisa mais estúpida e imbecil no mundo das propagandas do que essa propaganda? Só se for uma outra propaganda de cerveja. Uma coisa deprimente, estupidamente gerada, de gente muito cretina que ganha fortunas para bolar asneiras. Repare, ainda, que eles pronunciam “répi áuer”. E, se fossem honestos, traduziriam happy hour por “hora feliz” e não por “hora alegre”. Palhaços. Impressionante como a força da grana ergue e constrói coisas reles. Muito dinheiro jogado no lixo. Tá certo que o comercial visa atingir publico de baixo nível. Mas acho que a Ambev anda confundindo gente pobre com gente demente. Parem com essa pobreza de espírito, neus camaradas! Façam algo inteligente, senão vão pensar que cerveja corrói o cérebro (o que é mesmo verdade, pois o álcool realmente destrói neurônios, segundo cientistas sóbrios). Acabou a brincadeira E esse negócio de a polícia do Rio ficar caçando traficantes de helicóptero? Deu na tv, vocês viram. Os caras correndo lá embaixo no alto do morro ("lá embaixo no alto do morro" é legal, não? Figura de linguagem. Antítese. Eu gosto.), e os caras lá de cima metendo bala para baixo. Já viu na tv a cabo, Discovery Channel, National Geographic, essas coisas, caçada de animais africanos com helicóptero? Então. Igualzinho. Todo mundo vibrou. A classe média foi ao paraíso. Tropa de Elite, ao vivo e em cores, considerando preto como cor, que é. Aí eu fiquei pensando (às vezes, é bom pensar, meu caro ouvinte): "puxa vida, o cara do helicóptero que fica pendurado atirando está muito exposto, é um alvo fácil de ser atingido, ao mesmo tempo em que, para ele é impossível visualizar possíveis atiradores lá embaixo, em meio à barafunda de uma favela. Qualquer hora, se algum traficante lá debaixo resolver mirar e atirar, é um tiro só. Qualquer idiota percebe isso. Será que tem idiota que não perecebe isso?" Tinha. Dito e feito. Semana passada, embora a imprensa não tenha dado muita evidência, o atirador do helicóptero acabou morto, dependurado no helicóptero, com um tiro na testa, sabe Deus de onde partiu, embora a polícia afirme ter encontrado o sujeito que atirou. E agora? Cadê o Secretário de Segurança cujo principal hobby é mandar a polícia abrir fogo contra traficantes para posar de herói e valentão da parte civilizada da sociedade? Ele pagará por essa irresponsabilidade de expor a vida de um policial dessa forma? Cadê os comandantes dos safáris nos morros? A cada dia que passa fico mais convencido de que o combate à violência é a expressão mais clara de uma luta de classes que esconde o caráter social que a motiva e lhe dá sustentação. Se assim não fosse, por que a polícia não caça de helicóptero os jovens traficantes da classe média que, pelo visto, possui um estoque muito maior de drogas, e de tipo mais refinado como o ecstasy, heroína, e também maconha, crack e cocaína? Porque a polícia não jogas seus helicópteros e munições para cima dos empresários que falsificam remédios, alimentos, até água mineral, que provocam malefícios infinitamente maiores do que as próprias drogras vendidas pelos traficantes dos morros? Porque não fuzilam os produtores e comerciantes de bebidas alcóolicas que matam do que os AR-15 do tráfico? "O álcool é uma droga legal, Kali!" Verdade, Desculpa aí, foi mal. "Além disso, esse pessoal aí, de que você tá falando, mora em apartamentos. Um ataque de helicóptero pode matar inocentes." Ah, tá certo! E na favela todos são bandidos, não é? Incluive o garoto de dois anos que levou um balaço no peito, na perseguição aí de cima. A propósito, você já reparou que todo e qualquer ser vivente morto pela polícia carioca é sempre um traficante? Tipo o exército de Israel. Todo e qualquer palestino morto por eles sempre é um perigosíssimo terrorista. Interessante esse negócio. As balas deles são infinitamente mais inteligente do que você, mané, que não sabe diferenciar um bandido de uma pessoa honesta. É a maior tecnologia do mundo.
![]() Imagem: Galleria d'Arte Il Salotto Pitbulls do Satã Falando de pó lícia, não há como não voltar ao filme Tropa de Elite, que não assisti e nem vou. Mesmo não vendo o filme, a figura patética do Capitão Nascimento se apresenta à minha mente como o cão de Lúcifer, que se sente realizado por colocar ordem no inferno. Não consegue ver que ele próprio é uma peça importante na engrenagem da produção e manutenção da miséria e da desumanidade humana. Não conseguer perceber que ele é parte fundamental para a explosão da violência que ele imagina combater. Na espreita, vê as árvores mas não consegue enxergar a floresta. Vê o traficante, mas não a favela, o grande monstro que gera e acolhe o comerciante de drogas e armas. Ao combater o moinho de pó do traficante, nosso combatente de triste figura deveria ter o cuidado de não acordar a grande besta onde ele mesmo põe os pés: a própria favela. "Se o morro descer, não há exército que segure", dizia o general João Batista Figueiredo, que entendia do assunto, expressando com nitidez o temor da classe à qual dedicou toda sua vida: a burguesia tupiniquim.
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Não falo de mim,
nos cartões abaixo para ver os diálogos. imagens: Kim Anderson textos: kali
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