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segunda-feira, 18 de junho de 2007

Verinha, Eurico Miranda, José Augusto Carvalho e racismo na linguagem

Eita mistura doida. Mas assim que é bom.

Verinha, verinha!

Verinha é uma leitora do Blog Kálido que reclama pra caramba! No bom sentido, claro. O pior é que ela tem razão. Quer dizer, em quase tudo. Olha só o último comentário dela:

Kali amigo, se vc fez uma enquete pra gente escolher o nome da foto e se o nome vencedor foi "pés-de-moleques", porque vc mudou o nome pra "pé de flor"? Então não fizesse a enquete, então escolhesse vc mesmo, de início, o nome da foto. Coisa sem nexo, sem cabimento. E vem vc com outra enquete!!! Mas essa nova enquete, pra saber pq não deixamos comentários no seu Blog, eu vou te responder: É PORQUE A GENTE COMENTA, FAZ PERGUNTAS, QUER INTERAGIR E NÃO TEM RESPOSTA SUA, NÃO TEM RETORNO. FICAMOS FALANDO SEM NEM SABER SE VC LEU O QUE ESCREVEMOS. E outra coisa: PÃO DE QUEIJO com FARINHA DE TRIGO??? Aqui em Minas a gente faz PÃO DE QUEIJO com POLVILHO (azedo ou doce, tanto faz). Nunca nem ouvi falar de pão de queijo feito com farinha de trigo. Será que vai prestar? Sei não....Posso até experimentar, quem sabe.....Beijos, querido.

Tá certo. Eu deveria incluir a opção "pé de flor" na enquete, se quisesse mesmo ouvir opiniões a respeito, não é, não? Ficou parecendo que sou o dono da verdade. Isso, definitivamente, não sou. O fato de ter posse dela, não me faz dono. Aprendi no curso de Direito :Þ Além do mais, "pés-de-moleque" foi muito bem escolhido. Palmas para a platéia. Fica então a foto batizada de "pés-de-moleque", pronto! No fim das contas, é um nome até mais bonito, mais apropriado e mais poético do que "pé de flor". Eu nunca vi pé de flor, você já viu? Ah é? De qual flor? hum... legal... O povo é sábio. Ás vezes, até mais do que eu :Þ

Agora, Verinha, o negócio de feedback, interagir com leitor é legal sim, eu gosto. O diabo é que não dá. Veja só. Já tenho dificuldades de postar, imagine para ficar respondendo aos comentários. Infelizmente, não dá. Já tentei antes, láááá atrás. Respondia a todo mundo, a cada um. Mas eram outros tempos. Parei. Até fiz um post avisando que não daria mais. É claro que dentro do possível, e da importância do comentário, eu respondo por e-mail, ou num post mesmo, como você está lendo agora, digo, vendo agora, digo, vendo e lendo agora. O diabo é quando a pessoa não deixa nem e-mail, não é, Verinha? Então. E ainda reclamam... Não é vero, Vera? E de 10 que respondo, só 1 retorna. O do serviço de e-mail dizendo que o endereço está errado.

Agora, esse negócio de pão de queijo ser de polvilho ou de trigo, não sei mesmo. Apenas repassei uma receita. Jamais prestei atenção nisso nas pãodilhões de vezes que comi pão de queijo. Nem mesmo testei a receita. Divulguei uma coisa que saiu na folhinha do Sagrado Coração de Jesus, saca? Pensei assim: se esse negócio tá na folhinha do Sagrado Coração de Jesus, deve ser bom pra diabo! hahaha...

Agora, se você - que é mineira - diz que pão de queijo se faz com polvilho e não com trigo, não serei eu, capixaba, a te contradizer, né? É de polvilho e tá acabado! E assado. A mesma coisa é mineiro querer ensinar o capixaba a comer carangueijo. Fala sério.

Por último, um beijo. Obrigado pelos comentários. Adoro-os.

Eurico Miranda. Agora tem esse negócio aí de a torcida do Vasco pedir a saída do Eurico Miranda. Alto lá, vais caindo, digo, vascaíno! Não é assim que a banda toca, não! Vocês sempre se gabaram de ter "o melhor presidente de clube do Rio", sempre disseram para flamenguistas, tricolores, botafoguenses e quem mais quisesse ouvir que Eurico era o presidente que todo torcedor gostaria de ter para seu clube, não é? Então! E agora querem vê-lo pelas costas? Que injutiça! Que Covardia! Cuidem do troço que o filho é vosso! Vocês não sempre trataram dele com carinho, desde criancinha, com mingau e bacalhau? Então têm que acompanhá-lo até a porta do inferno! Sempre enalteceram El Rico e agora querem vê-lo pobre? E quem vai continuar mantendo a mansão dele em Angra do Reis? Vocês, claro! Vocês devem a ele vários títulos, e agora querem jogá-lo às traças? Se há um lugar merecido para Eurico Miranda, ele não deve ser lançado às traças, mas às taças, da sala de troféus do Vasco! Isso não se faz, Arnesto! Não sejam ingratos com que sempre lhes foi generoso! Lá é o lugar dele, junto aos troféus que, mais do que ninguém, ele ajudou o Vasco a conquistar com suas manhas e artimanhas! Agora que o clube está afundando vocês querem que o primeiro a abandonar o barco seja justamente o comandante? Fala sério! Se essa regra de ouro da navegação foi respeitada no Titanic, porque um clube que tem um navegador como patrono e uma caravela como símbolo há de impedir o capitão de afundar jundo com o barco? Vocês o elegeram deputado federal, jogando esse peso morto sobre os brasileiros e agora querem repetir a dose? Cuidem dele. É tua essa cria, freguesia! Sempre achei que esse negócio de o principal ídolo de vocês ser o cara que rouba o clube, mas... paciência. Não tem jeito. Cuidem desse troço que o filho é vosso! E quem disse que o Vasco precisa de Dinamite? O Eurico já explodiu isso aí há muito tempo! hahaha...

José Augusto Carvalho . Melhor do que uma pessoa culta e erudita é uma pessoa culta, erudita e sábia, que tem bom senso, inteligente. Uma dessas pessoas, com certeza é o professor e lingüista José Augusto Carvalho que escreve semanalmente, às segundas, uma coluna no Jornal A Gazeta, de Vitória, ES. A dessa semana, por exemplo, integralmente transcrita abaixo, está impagável. Não apenas pela crítica à reforma ortográfica em curso, mas o ataque às idiotices que o pessoal do "politicamente correto" tenta passar, especialmente o pessoal que vigia os "preconceitos e racismos" da língua.

Uma vez, negociando em nome dos servidores com um diretor do Departamento Estadual de Cultura do Governo do Espírito, negro, usei o termo "denegrir" e passei a ouvir um sermão sobre o "preconceito" embutido nessa palavra. Hoje, lendo o brilhante texto de josé Augusto Carvalho abaixo (A diferença entre o racismo e o símbolo da pureza), tranformo em certeza a opinião raivosa que tive do cara naquele momento: a de que ele era um idiota. Tem branco idiota, porque não haveria de ter negro idiota, né?

Se você gostar, toda segunda-feira você pode ler no jornal A Gazeta um artigo novo de José Augusto Carvalho. Não digo que vale a pena porque realmente não representa nenhuma pena ler seus prazerosos textos.

Coluna José Augusto Carvalho 18/06/2007

A reforma ortográfica (V)

Dissemos, no artigo, anterior que nossa ortografia está muito próxima do ideal fonêmico, segundo o qual a cada som corresponde um símbolo gráfico, e a cada símbolo gráfico corresponde um som. Dissemos que o ideal fonêmico não é o mais desejável, quando se pretende fazer um estudo em profundidade da língua. A relação unívoca som-grafema não é ideal. Grafema é um traço gráfico distintivo, que pode ser uma letra, um acento, ou qualquer sinal que distinga palavras escritas, como a cedilha que distingue paco de paço, ou como o acento que distingue pôde de pode, ou como a letra que distingue mezinha (remédio caseiro) de mesinha (mesa pequena). E é aí que a relação som-grafema não pode ser unívoca, além do fato de que essa relação unívoca poderia trazer transtornos ao estudioso da língua. Felizmente, a nova ortografia não cometeu essa tolice [mas cometeu outras, segundo os artigos anteriores - nota de Kali].

A forma eletric, por exemplo, nessa relação unívoca, perderia a motivação visual – se é que se pode falar assim – se fosse grafada eletris para eletricidade, divergindo da forma original elétrico (em que o c soa k). A palavra inglesa knife (faca), sem o k, inicial mudo, e com o i grafado ai, não lembraria o canif francês nem o canivete português. Ome estaria distante de Ohm; baironiano seria uma segunda morte para Byron; e se César se grafasse Sézar, ninguém notaria a associação com o russo Czar nem com o alemão Kaiser. Além disso, palavras homófonas, como insipiente (relacionada a saber) e incipiente (relacionada a começar) perderiam sua distinção gráfica fundamental, e o leitor ficaria sem saber se o adjetivo estaria indicando ofensa ou tolerância. Da mesma forma, eliminar a diferença gráfica entre entre taxar e tachar, entre coser e cozer, entre cheque e xeque, entre pás e paz, entre mas e más, etc. pode levar à confusão que se estabelece hoje entre fôrma e forma (cuja distinção a reforma de 1971 aboliu indevidamente).

O emprego do hífen, que constitui a maior das dores de cabeça para quem escreve, não foi resolvido pela nova ortografia. Pelo contrário: as confusões e distorções permanecem, como, por exemplo, as palavras compostas (cujo todo pode ou não corresponder à soma das partes) que podem ou não levar hífen, sem nenhum critério: missa-show (comício monstro), garoto-propaganda (funcionário fantasma), filme-documento (fita pirata), carro-forte (carro esporte), cor-de-rosa (cor de vinho), perde-ganha (vaivém), etc.

O ideal de uma reforma ortográfica seria não uma escrita fonética, nem mesmo uma escrita fonêmica pura, mas algo moderado que levasse em conta a família de palavras sempre que possível. Em outras palavras, a ortografia deve estar próxima da fonologia da língua, mas o critério etimológico não deve ser descartado inteiramente. A tarefa da reforma ortográfica deve ser atribuída a lingüistas com formação filológica e a gramáticos com formação lingüística. Vale dizer: não é coisa que se decida por uma só pessoa nem por votação sumária de senadores, mesmo que, eventualmente, exista entre eles alguém que conheça bem a língua que fala e em que escreve, porque há uma distinção necessária entre o usuário e o técnico. E um bom usuário não é necessariamente um técnico.

Em tudo isso há apenas um consolo, além da esperança de que um dia venha a paz ortográfica: a nova ortografia poderia ter sido pior. Se é que pode servir de consolo a um perneta a idéia de que poderia ter perdido também a outra perna.

A diferença entre o racismo e o símbolo da pureza

Eduardo Guimarães enviou-me um e-mail em que fala a respeito da expressão "preto de alma branca", que ele interpreta como racista. Ele sugere uma substituição daquela frase por outra a seu ver politicamente correta: "preto de alma preta". Ora, "alma branca", na expressão consagrada, não se refere à raça branca, mas ao símbolo da pureza. Vale dizer: uma noiva negra que se casa vestida de branco não está fortalecendo nenhum preconceito racista antinegro, mas atendendo à tradição da simbologia do branco. Não há racismo antibranco na tradição chinesa que impõe o uso do branco como símbolo de luto e de dor.

Nem há racismo antinegro na simbologia que instituiu a tarja negra para representar o luto, na nossa cultura. Nem há racismo contra o branco no fato de a bola preta da sinuca valer mais que as outras, ou no fato de ser negra a faixa mais cobiçada das lutas marciais. Dizer "ver a coisa preta" não implica racismo contra o negro, como não implica racismo contra os brancos dizer "dar um branco" para indicar ausência momentânea de memória, como não implica racismo contra os asiáticos falar em "sorriso amarelo", como não implica racismo contra o judeu falar em "judiar", "judiação" ou "judiaria" para indicar maus-tratos.

A substituição de expressões consagradas pelo uso por outras pretensamente mais adequadas apenas revela preconceito de quem sugere essa substituição. Há algum tempo, uma cartilha infeliz do jornalista Antônio Carlos Queiroz, a preconizar a substituição de expressões por outras a seu ver mais corretas politicamente, não teve respaldo científico nenhum. Não se apoiou em dados sociolingüísticos, não se baseou em pesquisa de campo, não estabeleceu questionários, não fez entrevistas. Foi um trabalho de amador profundamente alheio aos princípios básicos da língua portuguesa e da sociolingüística.

O jornalista em questão deveria ter recusado o trabalho ou indicado em seu lugar alguém com alguma experiência na área de lingüística ou de sociolingüística. Muitas das expressões condenadas pelo autor da cartilha apenas revelam que ele não estava preparado para o exercício dessa função. Além disso, teria sido necessário esclarecer que indicar uma expressão alternativa não deve significar censura da maneira de falar, mas a adoção de uma forma socialmente mais prestigiosa ou pelo menos socialmente neutra.

O grande erro do PT, de Perly Cipriano e do secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, foi ter contratado um jornalista e não um lingüista que, por sua formação acadêmica, teria mais condições de realizar um inventário e não uma espécie de índex de expressões socialmente estigmatizadas.

Na pegadinha da semana passada: "As chances dos candidatos negros não são menores por causa de sua descendência africana, haja visto que são bacharéis e podem ser considerados privilegiados." – Correção: "As chances dos candidatos negros não são menores por causa de sua ascendência africana, haja vista que são bacharéis e podem ser considerados privilegiados." – Houve um erro de seleção lexical: a ascendência de uma pessoa refere-se aos seus antepassados; a descendência dessa pessoa refere-se aos seus filhos. A expressão "haja visto" não existe.

PEGADINHA – Corrija a seguinte frase, referente a um filme: "Não devem ficar bem claros quais são os relacionamentos entre os guerreiros.

Kali.
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