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sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Balanço das Eleições

Demorou, mas como incentivador da Campanha do Voto Nulo, claro que me cabe uma análise dos resultados das eleições de 2006.

À primeira vista, parece que a Campanha do Voto Nulo foi fracasso total de bilheteria, considerando que o total dos votos nulos, dos votos em branco e das abstenções diminuiu em comparação à eleição passada. Ao que tudo indica, o povo continua esperançoso quanto aos políticos que se apresentam. Tudo bem, é natural ter esperanças.

Mas a coisa não é bem assim. Vejam o que aconteceu aqui no Espírito Santo na eleição de deputado federal, por exemplo,

O candidato mais votado foi Lelo Coimbra, da turma de Paulo Hartung. Ele recebeu exatos 120.821 votos. Camilo Cola, o todo-poderoso dono da Viação Itapemirim foi o segundo mais votado. Com toda a grana que os pobres lhe deram, recebeu 106.165 votos.

Pois bem. Agora vejam a quantidade de votos brancos, nulos e abstenções que o povo capixaba despejou nessas eleições para deputado federal:

Votos em branco: 121.497
Votos nulos: 80.247
Abstenções: 393.284

Total: 595.028

O Colégio Eleitoral do Espírito Santo é de 2.336.133 eleitores. Portanto, nada mais, nada menos do que um quarto do eleitorado mandou os políticos à merda. Preferiram depositar o voto no rabo deles, não na urna eletrônica. Show de bola.

Cada vez mais eu sinto orgulho desse meu povo explorado e oprimido. Agora, um breve histórico do repúdio popular através do voto nulo.

Os votos nulos no país (Publicado em A Gazeta em 03/10/2006, de acordo com dados obtidos no TSE - Tribunal Superior Eleitoral),

1945. O índice de votos nulos ficou em 1,9%. Nessa eleição os partidos distribuíam cédulas impressas.

1962. Os votos nulos totalizaram 3,2%. Nesse ano foi feita a introdução da cédula única de votação nas eleições para a Câmara.

1970. O índice de votos nulos ficou em 9,4%. Campanha pelo voto nulo contra o regime militar.

1982. O índice de votos nulos ficou em 4,2%. Voto vinculado obrigava o eleitor a votar em candidatos do mesmo partido.

1988. Seis anos depois, a Constituição Federal de 1988 concede direito de voto aos analfabetos.

1994. O índice de votos nulos ficou em 25,2%. Nessa eleição para a Câmara, de cada quatro votos um foi nulo.

1998. Os votos nulos totalizaram 9,8%. Nesse pleito, 57,6% dos eleitores usaram a urna eletrônica.

2002. O índice de votos nulos ficou em 2,9%. Nesse pleito, 100% dos eleitores usaram a urna eletrônica.

Pelo quadro, parece que a esperança e a desilusão vão se alternando a depender dos fatores sociais, políticos e econômicos que se conjugam em cada eleição. Claro que o povo sempre quer acreditar em mudanças, mesmo não as vislumbrando com nitidez nas candidaturas que se apresentam. Preferem apostar numa mudança a votar nulo. Ter esperança é humano, bastante humano. Mas o voto nulo não deixa de representar um ato de esperança. Uma esperança redobrada, eu diria, pois votar nulo não singnifica simplesmente não votar em ninguém. Significa não votar em ninguém da lista em razão de que o candidato no qual você votaria com fé, esperança e amor simplesmente não apareceu. Ponto.

Então. No segundo turno votei nulo outra vez. Não que eu não visse diferenças significativas entre os dois candidatos. Pelo contrário. Eram candidaturas bastante distintas, mas não por causa dos candidatos em si, de seus atributos pessoais, bastante semelhantes, e sim por terem significados totalmente diferentes para as classes socias do nosso país. É isso que os diferencia. As classes que lhes dão apoio. Isso que é o fundamental. No mais, são muito iguais, em hipocrisia, em demagogia, em fantasia.

É nessa questão que se distinguem as candidaturas de Lula e Alckmin. A candidatura de Lula está para as classes mais populares assim como a de Alckmin está para as classes média e alta. Dá para perceber essa relação até pelos e-mails que a gente recebeu antes das eleições e continua recebendo agora. Reparem que você recebe um número muito maior de mensagem anti-Lula do que anti-Alckmin. Por quê? Porque a maior parte das pessoas que possuem computador e acesso à internet é da classe média. Ponto.

E é assim que as coisas funcionam na política. As pessoas votam de acordo com seus interesses. Votam naquilo que o candidato representa e não em seu comportamento ético ou moral. Se as pessoas votassem pela ética, Maluf e Antônio Carlos Magalhães jamais se reelegeriam. Se o caso dos sanguessugas, do mensalão e do dinheiro da cueca tivessem ocorrido num governo Alckmin, as pessoas que votaram nele ontem por essas coisas terem acontecido no governo Lula, votariam no tucano mesmo se tivesse acontecido no governo dele, estou certo disso. As pessoas que perguntam se Lula sabia ou não sabia desses escândalos que se realizaram sob seu nariz, jamais perguntaram se Alckmin ou FHC sabiam dos escândalos que ocorreram em seus respectivos governos.

Acontece, porém, que nem sempre existe uma correspondência direta entre os interesses de quem vota e o político que recebe esse voto. Isto é, as pessoas se enganam achando que aquele político está mesmo representando seus anseios. Isso vale tanto para Alckmin quanto para Lula. Quer ver?

Veja o caso de Alckmin. A classe média acha que votando ele estaria melhor assegurada seu futuro e o futuro de seus filhos, pois o sujeito é "instruído", "culto", "competente"... enfim, a cara daquilo que se julga a classe média! Pois bem. Só que os filhos da classe média hoje não fazem outra coisa na vida senão estudar para concursos de ingresso no serviço público, pois não encontram mais emprego nas empresas privadas. Então eu pergunto: se é para garantir empregos no setor público, por que votar num cara que prega o Estado Mínimo? No entanto, votam.

Com Lula, a mesma coisa. A classe trabalhadora se vê bem representada por ele. Tudo bem. Só que para "assegurar" o crescimento do trabalhador, Lula aposta exatamente no crescimento do seu algoz, o Capital. Na primeira crise que houver, o proletariado vai ver bem de que lado Lula realmente joga.

O fato é que nessas eleições ocorreu um fenômeno histórico importante: uma divisão nítida do eleitorado segundo sua classe social. Aqui em Vitória, por exemplo, ficou bastante evidente esse fato. Nos bairros ricos, vitória de Alckmin; nos bairros pobres, vitória de Lula. Isso repetiu-se no Brasil inteiro, até em nível dos Estados.

O mais importante nesse processo foi a tomada de consciência de classe das camadas mais explorada, da sociedade, que mantiveram sua opção por Lula mesmo com o bombardeio da mídia sobre as falcatruas do partido de Lula, o patê, digo, o petê. Interessante isso. Nem deram bola. Escolheram Lula porque julgou que ele lhe é mais favorável que Alckmin. "Foda-se Lula é ladrão! O importante é que pra mim, ele é melhor do que o outro ladrão!"

A revista Veja

Esse ganho de consciência de classe foi, pra mim, o fato mais importante nessas eleições. E a escumalha nem deu bola para a mídia burguesa, que não conseguiu fazer a cabeça do povão para rejeitar Lula e votar em Alckmin. Show de bola esse negócio de a imprensa da classe dominante não conseguir fazer a cabeça da plebe. O exemplo mais claro desse fenômeno foi a revista Veja. Cansou de bater em Lula, mas não conseguiu nada em suas investidas exceto próprio cansaço.

Por falar nisso, a que ponto chega uma revista com a Veja por causa de interesses políticos! Anos de trabalho jogados fora em troca da parcialidade e de uma linha jornalística totalmente tendenciosa. Que vergonha! Uma revista desse porte ficar a reboque de um sujeito como Diogo Mainardi! Fala sério.

Tem também o Arnaldo Jabor. Ele acha que é um grande comentarista, um comentarista brilhante! Tudo bem, ele também se achava cineasta. Como fala besteira! Como faz elocubrações! Como inventa!

E são esses caras que estão fazendo a cabeça da classe média. O povão anda mais esperto que os redatores e os leitores de Veja. Show de bola

Mas quem matou a charada desse fenômeno político-eleitoral em que a imprensa não consegue mais fazer a cabeça do povão, como ocorreu agora nessas eleições da vitória de Lula, foi Franklin Martins, em entrevista à revista Caros Amigos, agosto deste ano. Aqui, a entrevista completa, em PDF.

Conclusão: Preguei o voto nulo e votei nulo. Apresentei minhaas razões. Se eu me visse obrigado a escolher um entre os candidatos, claro que votaria em Lula. Por mais que Lula e a turma do PT tenham feito falcatruas - e fizeram - não dá, por causa disso, para devolver o governo à gangue do PSDB e do PFL e entregar de novo o papel de protagonistas da história da corrupção a artistas como Jorge Bornhausen, Tasso Gereissati e Antônio Carlos Magalhães, né?

É isso. Até a próxima.

Kali.
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mas do mundo,
bem mais importante
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