Poemas kálidos:

A Lenda do Beijo
A Mulher que Namorou o Tempo
Aldeia Global
Evolução
Lábios Trêmulos
Poema do Ciúme
Poesia Concreta
Poema do Blogueiro
Cachorra
 

       
Contos kálidos:


A Repulsa
Duetos
Os Olhos do Velho
Tempestade de Neve



Águas passadas 

2002

jan fev mar abr
mai jun jul

ago

set

out

nov

dez

2003

janfev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2004

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2005

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2006

jan fev mar abr
mai jun jul ago

set

out

nov

dez

2007

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2008

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2009

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2010

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2011

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2012

fev

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

 



Blogs:

 
(Selo que concedo
aos blogs que admiro)

Recebi:

Visitantes:

Powered by Blogger

 

 

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Coisas do trabalho

imagem: MDRails

Então. Voltei de férias, não é? Pois é. Desde a semana passada. Acontece que no primeiro dia meu computador estava ocupado e fui procurar uma outra estação de trabalho.

No Setor de Pesquisas:

Suzi: - Kali!
Kali: - Suzi!

....blablablácuméquefoidefériastudobemgraçasaDeusmuitapraianossa!- comocetáquemadim!pegoumuitapraia?não,sóquandodavasolblablablá...

Kali: - Todos os computadores daqui estão ocupados???
Suzi: - Infelizmente! Todos sendo utilizados pelas estagiárias para tabulação de dados de pesquisa.
Kali: - Mas na hora do almoço desocupam, né?
Suzi: - Menino, nem na hora do almoço!
Kali: - ...
Suzi: - ...
Kali: - Por isso é que elas estão magrinhas assim?

Mais magrinha de todas, a morena Daniela riu bastante e isso já tava bom. Eu gosto de fazer as pessoas rirem, dá licença? Muito simpática ela.

Eu coloquei essa linda foto aí de cima, de uma menina magrinha, não apenas para ilustrar o diálogo. É também para homenagear os estagiários e estagiárias desse Brasil varonil. Mão-de-obra barata para a qual nem sempre é oferecida oportunidade de aprendizagem conforme a formação acadêmica. Ao contrário, contra eles é lançado um grande volume de trabalho que pouco contribui para seu aperfeiçoamento profissional. Reparou que ela tem o aspecto de mão-de-obra escrava, explorada? Ah, bom. Pensava que só eu havia notado isso. Escraviários. Essa é a palavra com que eles muitas vezes se autodenominam. E expressa com muita veracidade o verdadeiro estágio de exploração a que são submetidos esses meninos e meninas do Brasil, certo? Certo que está errado.

Acontece que se eu fosse contar as coisas engraçadas e inusitadas e idiotas e tragicômicas e o scambau que acontecem no serviço, certamente que não faltaria assundo para este singelo blog. De repente, poderia ter até um título tipo Meus Colegas de Trabalho. Só de pensar dá vontade de rir. Ou de chorar. Vamos ver como ficaria, se fosse.

1. O doido

Uma vez correu um boato que a distinta diretora de Planejamento havia engravidado. Até aí, nada de estranho. Mulheres engravidam, ora bolas.

Acontece que nesse caso, havia duas questões peculiares. A primeira... bem... como eu diria?... essa diretora não era bem resolvida naquele quesito que o senso comum chama de "beleza feminina", em que pese a relativismo de tal conceito. A segunda é que havia um cara que falava pelos cotovelos. Tá, falava muito... mas só falava mal, eis a questão.

Então.

Então a notícia explodiu e chegou a uma rodinha de homens pela boca de um deles que anunciou a boa nova. "Vocês sabiam que M. está grávida?". E o nosso colega falante: "Quem foi o doido?".

Silêncio bombástico-constrangedor.

O "doido" estava na rodinha. Desce o pano.

2. O crente.

No Departamento de Vistoria tem um cara evangélico, da Igreja Maranata [Parênteses: a Igreja Maranata é uma igreja cristã fundada em Vila Velha, e que mais se assemelha a uma seita, tal o o hermetismo e o fanatismo de seus adeptos. Eu sei de um caso em que um deles queimou todos os apetrechos católicos de uma senhora - terços, crucifixos, bíblias, santos, essas coisas - enquanto tal senhora estava na missa. Isso não se faz, né? Ainda mais quando essa senhora é a sua própria mãe, não é não? Então. Foi o que aconteceu. Ele fez uma fogueirinha no fundo do quintal com os objetos de culto de sua genitora católica apostólica romana, vê se pode. Fecha parentes, digo, parênteses].

Até aí, tudo bem. Pessoas religiosas existem, ora bolas, e não são poucas (por falar nisso, uma garotinha que eu beijava no escuro da minha infância virou Maranata também, Deus a tenha). Acontece que, no caso em tela [abre parênteses de novo. Tem um cara aqui no serviço que nos seus pareceres sempre escreve sobre "o assunto em tela", aí virou apelido. E esse mesmo cara só usa roupas de linho. Daí que eu falo que, não fosse ele, a fábrica de linho Braspérola aqui do Estado teria falido uns dez anos antes, fecha colchetes]. Continuando. No caso em tela, o rapaz evangélico trabalha no meio de pessoas um tanto quanto descrentes de religiões. Sabe do que eu estou falando, não é, tetéia? Isso mesmo, pessoas atéias. O gerente, por exemplo. E, você sabe, religião é sempre um motivo de diversão para essa raça incrédula e endemoniada, não é, não? Então. Esse gerente me contou que, um dia, um colega nosso, Fernando, que vive jogando da megasena, loto, essas coisas, convidou-o para participar de um bolão. Ele não queria aceitar o convite, mas como o Maranata estava na sala e vivia dizendo que jogo de apostas era coisa do diabo, ele respondeu assim para Fernando, em alto e bom tom, de forma que o crente ouvisse:

- Taí! Vou jogar! Quem sabe o capeta não diz amém!

Ah, tem um monte de coisas. Tem o caso da mãe solteira que diz que sofreu rapto e estupro, mas que poucos funcionários acreditam nessa história, vê se pode. Bem, não importa, o importante que a menina é muito bonita e saudável. E tem até o caso de uma Capitu, que algumas pessoas, à boca miúda, juram por todos os juros que o filho dela não é do marido, mas de um colega. Vê se pode, ao cubo.

Acho melhor parar por aqui.

Tem o conto que eu falei, não é? Então. Fica para um outro post.


Estou lendo Lolita, o clássico que "escandalizou" a falsa puritana América. Além da beleza e arte da narrativa e da delicadeza do tema, uma crítica mordaz à cultura americana. Vladimir Nabokov era descendente de aristocratas russos, que raparam fora por causa da Revolução Bolchevique-leninista-marxista-trotskysta-comunista. Muito culto. De um estilo imcomparável, de uma sensibilidade envolvente e extremamente espirituoso. As primeiras linhas do romance ficam na história como uma das mais belas da literatura (na versão original em Inglês), por causa dos fonemas, da musicalidade, sonoridade e do ritmo das palavras - leia abaixo). Estou gostando muito. Recomendo de verdade.

Lolita, light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta: the tip of the tongue taking a trip of three steps down the palate to tap, at three, on the teeth. Lo. Lee. Ta.
Kali.
Gostou, assine.



 

 

Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

Creative Commons License

Blog Kálido, escrito por kali, é licenciado sob as seguintes condições:
Creative Commons:
Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas
2.5 Brasil License
.

 



Clique
nos cartões abaixo
para ver os diálogos.

imagens:
Kim Anderson
textos: kali