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terça-feira, 20 de dezembro de 2005

A magrelinha.

imagem: www.skizzers.org

Vamos então à historinha da menina magrinha. E crente.

Marcos e Luis eram amigos de escola, de pelada, de tudo. Boas Jogadas no campo, na sala de aula, nas rodas de amigos. Mas na roda do destino dançaram. Ela quis que se separassem, pelo menos por uns tempos. O vestibular mandou Luis fazer Engenharia Mecânica pelas bandas das Minas Gerais, deixando Marcos em Vitória fazendo Engenharia Ambiental.

- Qualquer dia vou te visitar!, dizia Marcos para Luis. "Vou de trem! Trem da Vale! Devagar quase parando!"

E foi mesmo. Marquinhos era meio assim, sei lá. Falava umas coisas... e as mais malucas ele cumpria. Conheceu a faculdade onde Luis estudava, a república onde vivia, bateram uma bola, tomaram umas cervejas e no terceiro dia voltou, sentado à direita do quarto vagão do trem da Vale. Já na primeira estação perdeu lugar. O trem tava cheio, muito cheio. Lotado.

Na viagem reparou uma menina magrinha próximo dele. Se interessou na hora. Uma garota morena, de olhos vivos, negros. Vestido estampado, bem feminino. Cabelos encaracolados. Um falar mineiro bastante agradável. Nem era bonita, era encantadora. Viajava com a irmã mais velha. Após alguns quilômetros de trilhos, puxou conversa.

- De onde vocês são?

- De Coronel Fabriciano, e você?, respondeu a pequena, prontamente.

Marina era o nome dela, pelo qual perguntou quando o trem entrou por um túnel. Freud explica.

E do signo de Sagitário, num outro túnel.

E foram conversando trilhos afora. Perguntou para onde estavam indo e essas coisas que perguntam em viagens. Ele achava a menina cada vez mais simpática a cada estação e cada vez mais ficava encantado com ela. Encantadora mesmo a bichinha. No alto de seus 20 anos de boy, aquela menina magrinha despertava nele os instintos mais românticos. "Que graça essa garota!"

O desconforto do trem lotado era compensado em muito pela companhia de Marina e pelos tipos populares. Ele gostava do clima descontraído e do jeito largado daquele povo. Um sujeito que queria atravessar de uma vagão para outro vencia facilmente o corredor lotado gritando:

- Ninguém encosta em mim que eu tô todo cagado!!!

E todo mundo se espremia para ele passar, sabe-se lá. Marcos ria com aquilo. Achava criativo. Uma criatividade que quase sempre superava o mau gosto e a falta de educação.

Buscando mais intimidade com a menina, começou a brincar com o som do trem, falando frases no ritmo do barulho das composições sobre os trilhos. Desde o conhecido "café-com-pão-bolacha-não" até o inusitado pocotó-pocotó-pocotó, como se o trem fosse um cavalo. Ela ria com aquilo. E era isso o que ele queria, vê-la sorrir. "Que sorriso tem essa menina!"

Marcaram encontro para o dia seguinte, domingo, na Praia de Camburi. Ficou sabendo que era secundarista, que gostava de esportes e competia na escola. Corrida. Ficava imaginando aquela menina franzina correndo. Achava uma graça. Sempre quis namorar uma menina assim, atleta, que praticasse esportes.

- "Por quê?", perguntou Luis no campinho de futebol quando se econtraram nas férias, enquanto batiam bola e Marcos contava a história antes de a pelada começar.

- Eu gosto de garota com a bunda durinha, corpo esperto. Você não gosta, não?

- Muher para mim tem que ser macia, incluindo a bunda, principalmente.

- Sei como é. Bunda mole, né! Hahahaha. Joga essa bola direito, porra! Eu mando uma bola redonda e recebo uma jaca de volta?

- Por acaso você entende de mulher, Marquinho?, provocou Luis.

- Claro que entendo! Não é um negócio de comer? Hahahahaha.

Marquinhos era assim mesmo. Em tudo achava um jeito de fazer graça. Não tinha a menor preocupação em expressar algo que realmente acreditasse desde que o que dissesse pudesse trazer algum riso de volta. Podia ser dele mesmo, sem problema.

Ficou sabendo ainda que Marina e a irmã eram de uma igreja metodista.

Embora o jeito de ser fazia dele um rapaz bastante descontraído, no trato com "aquelas coisas de comer" era bastante tímido. Só depois de muito vacilar é que conseguiu perguntar para Marina se ela tinha namorado.

Com um sorriso maroto ela respondeu: "sou namorada de Jesus". Se para qualquer rapaz essa resposta seria interpretada como um sinal mais do que direto de que o caminho estava livre, para Marquinhos, a coisa não era bem assim. Traduziu a resposta de Marina da seguinte maneira: "faço parte da igreja metodista e só vou namorar quando eu tiver idade para isso."

Entretanto não desistiu. Sentia-se muito atraído por Marina morena magrela para desistir assim tão fácil, meu amor.

(No próximo post, a continuação da historinha...)

Kali.
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mas do mundo,
bem mais importante
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