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quinta-feira, 22 de setembro de 2005
Acontece que estou lendo Cem Anos de Solidão, do nosso amigo Gabriel García Márquez. Recomendo com força. E quem me recomendou disse simplesmente que eu não poderia passar por essa vida sem ler esse livro. Verdade. Espero, então, não morrer antes de terminar a leitura, embora já tenha lido, nesse meio tempo, outro livro do García Márquez, o mais recente: Memórias de Minhas Putas Tristes. Triste, mas um puta livro. Também recomendo. Até empresto, se alguém pedir. Sem falar do enredo, em Cem Anos de Solidão você lê frases como essas abaixo. Literatura fantástica, no sentido literário e literal do termo. Geniais, apesar de absurdas. Foi com esse livro que ele ganhou o prêmio Nobel de Literatura de 1982, não?
"Recomendaram-lhe a Visitación, uma índia guajira que chegou
"Mas a tribo de Melquíades, segundo o que contaram os saltimbancos,
"...e uma rota de comércio permanente por onde chegaram os primeiros árabes de pantufas e argolas nas orelhas, trocando colares de vidro por papagaios." "Poucas horas depois, devastado pela vigília, entrou na oficina de Aureliano e perguntou: "Que dia é hoje?" Aureliano respondeu que era terça-feira. "É o que eu pensava", disse José Arcadio Buendía. "Mas de repente reparei que continua sendo segunda-feira, como ontem. Olha o céu, olha as paredes, olha as begônias. Hoje também é segunda-feira." Acostumado com as esquisitices, Aureliano não lhe deu importância. No dia seguinte, quarta-feira, José Arcadio Buendía voltou à oficina. "Isto é uma desgraça", disse. "Olha o ar, ouve o zumbido do sol, igualzinho a ontem e anteontem. Hoje também é segunda-feira." Tudo bem. As fotos dele são realmente tristes, puta tristes, mas vejo sempre um ar de dignidade em cada rosto fotografado. Isso quando o ar de dignidade não é suplantado por expressões de luta e de resistência muito fortes e sempre dramáticas. Veja algumas, para conferir:
Vou contribuir com a fundação que promove a mostra e levar uma cópia de uma das fotografias expostas. Não tinha da que escolhi, mas a menina ficou de encomendar. Muito legal. Depois eu mostro aqui. Não achei na internet. Vocês vão gostar horrores, tenho certeza. Adriana, obrigado pelas palavras carinhosas e encorajadoras.
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Não falo de mim,
nos cartões abaixo para ver os diálogos. imagens: Kim Anderson textos: kali |