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quarta-feira, 19 de maio de 2004

O menino poeta

Eu disse que voltei e não que "votei", como ficou escrito no post anterior. Foi a Priscila quem observou. Obrigado, querida. Vou deixar errado senão seu comentário pode ficar sem sentido. Beijo. Mas acho não voltei tanto assim, pois faz tempo que não posto. Não gosto disso. Quero dar mais atenção ao meu blog, juro. Eu gosto daqui. Falo coisas que me inibiriam falar ao vivo. Sou meio tímido. As pessoas acham que não, mas sou. Isso não importa. Não estou aqui para falar de mim, mas do mundo, muito mais interessante. Quem sabe, até mais bonito rs.

Aconteceu uma coisa legal hoje. Um colega de curso que conhece algumas de minhas poesias emprestou-me, sem que eu pedisse, um livro de Vinícius de Moraes. Aí, abriu o livro na página 36 e me pediu que eu lesse esse poema aí embaixo. Disse que é a minha cara. Eu moleque? :) Achei muito legal, isso sim. Ah, esse colega diz, exagerado, que os poemas de que mais gosta são os de Ferreira Gullar e os meus! Já pensou? Legal ouvir uma mentira agradável de vez em quando, não? E ele me falou também de um poema de Ferreira Gullar (eu já conhecia) dizendo que se parece muito com a forma como eu componho alguns de meus poemas. Rapaz! Pô, fiquei muito envaidecido, isso sim. Valeu, meu amigo. O poema é mais ou menos assim:

Sua voz quando ela canta
me lembra um pássaro
mas não um pássaro cantando
lembra um pássaro voando.

Show de bola, não? Bem que eu gostaria de compor um poema assim. Um poema que parecesse mais uma música. Mas não uma música cantando. Uma música zoando :)

Aqui, o poema de Vinícius:

O poeta aprendiz
(www.viniciusdemoraes.com.br)

Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante.
Anos tinha dez
E asinhas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc.
O olhar verde-gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina.
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
E caía exato
Como cai um gato.
No diabolô
Que bom jogador
Bilboquê então
Era plim e plão.
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho.
No fundo do mar
Sabia encontrar
Estrelas, ouriços
E até deixa-dissos.
Às vezes nadava
Um mundo de água
E não era menino
Por nada mofino
Sendo que uma vez
Embolou com três.
Sua coleção
De achados do chão
Abundava em conchas
Botões, coisas tronchas
Seixos, caramujos
Marulhantes, cujos
Colocava ao ouvido
Com ar entendido
Rolhas, espoletas
E malacachetas
Cacos coloridos
E bolas de vidro
E dez pelo menos
Camisas-de-vênus.
Em gude de bilha
Era maravilha
E em bola de meia
Jogando de meia-
Direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar.
Amava era amar.
Amava sua ama
Nos jogos de cama
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Levadas e opimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder.
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita.
Por isso sofria.
Da melancolia
De sonhar o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser.

Montevidéu, 02.11.1958

Kali.
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Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

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textos: kali