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terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

Um pequeno conto

Acontece o seguinte: eu estava preparando um poema para vocês que são pessoas muito bacanas e deixam comentários sempre mais agradáveis e mais lisonjeiros do que eu realmente mereço. Porém, faltaram-me rimas e o que era para ser poema acabou se transformando num pequeno conto. Espero que gostem, pois ele veio ao mundo para isso mesmo: para que vocês leiam e gostem.

OS OLHOS E O CORAÇÃO DE UM VELHO PAI

Tempos atrás, tempos que não voltam mais, teve por azar um filho a triste sorte de desonrar seu pai. Eis a breve história que se passou entre um jovem que contra o pai se voltou e um pai que para seu filho nunca mais seus olhos voltou.

Cansado das dos desatinos do filho e premido pelas agruras da vida dura que levava, um homem se viu na obrigação de castigar o ser que ele próprio gerara.

Revoltado com a atitude paterna, o filho por sua vez se viu no direito de denunciar seu pai às autoridades locais. E assim o fez.

Após ser detido e submetido às misérias de um processo penal, o homem encontra o filho e lhe diz solene tais breves palavras:

– Filho insano! Entregaste teu próprio pai para um Estado injusto e desumano, o qual julgas ser o guardião da justiça, mas que apenas protege o poder dos poderosos e a riqueza dos ricos contra os que são fracos e pobres. Por causa disso e das humilhações que passei, as quais não foram nem sombra das que te fiz passar com o castigo que te infligi, saibas que a partir de hoje, perante os deuses e contra ti lanço uma pena que farei cumprir: filho que gerei, jamais sobre ti meus olhos voltarei!

Os anos íam se passando e nas retinas dos olhos daquele homem nunca mais foi retratada a figura do filho que o acusara.

Até que um dia, já muito velho, esse pai adoeceu.

O filho então veio ter à porta do quarto onde o pai padecia.

– Faça-o entrar, disse o homem, quando o filho foi anunciado. Sem olhar para ele, o pai lhe perguntou:

– O que queres, filho meu?

– Vejo que está no fim de sua longa vida, meu pai, e não quero vê-lo partir sem que torne a voltar para mim a luz do seu olhar. Faça recair de novo sobre mim essa luz que me conduz!

– Filho, um juramento eu fiz e não posso quebrá-lo. Se não honrá-lo, os deuses da nossa família é que hão me ignorar, agora que com eles estou prestes a me encontrar.

– Meu pai, doe então suas córneas para que, ainda que por outro e sem seu juramento quebrar, a íris de seus olhos possam me olhar.

– Filho meu, sangue novo do meu velho corpo, não te aflijas por eu não mais dirigir a ti o meu olhar. Saiba que meu amor por ti agora que estou morrendo não é menor do que o amor que tive quanto te vi nascendo. Sua angústia por eu não voltar sobre ti meus olhos que logo serão da terra não é maior do que a dor que meu peito encerra. Se não foi com olhos que te velei todos esses anos, foi com o coração em meu peito que com todas as forças te amei. Não chores, pois tanto quanto tu precisas do meu, preciso eu do teu olhar. Chegue mais perto para que um pai possa teu filho abraçar.

Reunindo suas últimas forças, debruçou-se então o velho sobre o filho que ao seu lado se prostrou e nunca mais com suas próprias forças seu velho corpo levantou.

Como seu olhar amargurado que em sua face para sempre se fechou.

Kali.
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Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

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