Poemas kálidos:

A Lenda do Beijo
A Mulher que Namorou o Tempo
Aldeia Global
Evolução
Lábios Trêmulos
Poema do Ciúme
Poesia Concreta
Poema do Blogueiro
Cachorra
 

       
Contos kálidos:


A Repulsa
Duetos
Os Olhos do Velho
Tempestade de Neve



Águas passadas 

2002

jan fev mar abr
mai jun jul

ago

set

out

nov

dez

2003

janfev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2004

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2005

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2006

jan fev mar abr
mai jun jul ago

set

out

nov

dez

2007

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2008

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2009

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2010

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2011

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2012

fev

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

 



Blogs:

 
(Selo que concedo
aos blogs que admiro)

Recebi:

Visitantes:

Powered by Blogger

 

 

sexta-feira, 18 de julho de 2003

Continuando...

Acontece que a história de Giovanni Boccaccio que eu comecei a contar ontem se chama Federigo e o falcão [História do Decamerão contada por Fiammetta] . Este conto está no livro A Selva do Amor – Contos clássicos da guerra dos sexos, recentemente lançado pela editora Record, organizado por Roberto Muggiati. Entendam-se contos clássicos nesse livro como contos de Virginia Wolf, D. H. Lawrence, García Lorca, Tchekov, F. S. Fitzgeral, Gorki, Allan Poe, Proust, Eça de Queirós, Kafka, James Joyce.

Se eu fosse você, faria o que eu fiz: iria correndo comprar esse troço, só pra ler.

E tomei outra decisão: a história que comecei a contar vai seguir sendo contado pelo próprio Boccaccio (ou pelo tal Fammetta, sei lá), na tradução do original de Roberto Muggiati. É vapt, vupt! Divirta-se.

Bem, então, Federigo se viu pobre, com a fazendola que lhe restou e de onde tirava seu minguado sustento. E, como eu havia falado, lhe sobrou um falcão, um dos melhores que se conhecia...

Continue agora, Giovanni Boccaccio. O conto é seu, a palavra é sua.

Grazie, Kali.

Apesar de tudo, mais apaixonado do que nunca, sem poder habitar na cidade como era seu desejo, deixou-se ficar no seu sítio, onde, quando o tempo permitia, saía a caçar aves e, sem pedir nada a ninguém, suportava pacientemente a sua pobreza.

Aconteceu um dia que, achando-se Federigo reduzido a extrema privação, o marido de Dona Giovanna caiu doente e, vendo a morte se aproximar, fez testamento; e, como era riquíssimo, deixou tudo para seu filho único, já quase um rapaz; e, caso este por sua vez morresse sem filhos legítimos, seus bens ficariam para Dona Giovanna, de quem gostava muito; e assim morreu. Ao ficar viúva, Dona Giovanna, como é costume entre nossas mulheres, ia passar a época de verão no capo, onde tinha uma propriedade, próximo da fazenda de Federigo. E ocorreu que o seu filho começou a travar amizade com Federigo, indo os dois a caçar aves com os cachorros. E, tendo visto muitas vezes o falcão de Federigo voar, ficou fascinado pelo pássaro e desejava muito tê-lo para si, mas não se atrevia a pedi-lo porque vira que Federigo era muito apegado ao animal. E assim seguiam as coisas quando o rapazola adoeceu, o que causou grande preocupação em sua mãe, visto que era seu único filho. Ela não media esforços para conforta-lo e constantemente lhe perguntava se não havia nada que ele desejasse em que ela pudesse gratifica-lo, se estivesse dentro do seu poder. O jovem, depois, d e tantas ofertas desse tipo, disse:

- Minha mãe querida, se conseguisse para mim o falcão de Federigo acredito que eu ficaria prontamente curado.

Ao ouvir isso, a senhora ficou em suspenso e começou a pensar no que podereia fazer. Sabia que Federigo há muito tempo a amava, sem nenhum encorajamento da sua parte. Ent]ao disse para si mesma: “ Como poderei mandar alguém ou ir pedir eu mesma este falcão, do qual dizem ser o melhor que já voou, e além do mais aquilo que o mantém no mundo? Ou como poderia eu tentar subtrair ao cavalheiro todo o prazer que lhe restou na vida?” Achando-se assim perplexa, embora tivesse a certeza de que bastava pedir para consegui-lo, passou alguns momentos sem dar nenhuma resposta. Finalmente, o amor ao filho predominou e decidiu, para satisfazê-lo, não pedir através de outra pessoa, mas ir ela mesma ao encontro de Federigo para solicitar o falcão. Respondeu então:

- Filho meu, repouse o seu coração e pense apenas em ficar melhor que eu prometo: a primeira coisa que farei amanhã de manhã será ir pedir o falcão e trazê-lo para você.

Palavras que deixaram o rapazola tão contente que começou até a mostrar sinais de melhora...

- Perdão, senhor Boccacio.

- Sì, sí, Kali.

- Já que estamos na hora do almoço, se importaria de continuar depois, se a Record não encher o saco com direito autoral?

- Naturalmente.

- Grazie.

Kali.
Gostou, assine.



 

 

Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

Creative Commons License

Blog Kálido, escrito por kali, é licenciado sob as seguintes condições:
Creative Commons:
Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas
2.5 Brasil License
.

 



Clique
nos cartões abaixo
para ver os diálogos.

imagens:
Kim Anderson
textos: kali