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quinta-feira, 10 de outubro de 2002

Por favor, poupem-me de comparações pessoais entre Lula e Serra. Vou explicar por que peço isso. Espero que o faça de uma forma definitiva.

As pessoas precisam aprender de uma vez por todas - especialmente aquelas com idade de votar - que as eleições presidenciais de um país não se resumem a uma questão pessoal entre candidatos, mas a uma questão política muito mais séria. O que está em jogo numa eleição como essa não é - jamais será - meramente o nome de um candidato contra outro, como supõe a nossa vã e "fã" filosofia. As eleições presidenciais representam uma disputa muito maior do que o embate entre dois homens limitados e muitas vezes incoerentes em si mesmos. O que está em confronto - e ocultas sob as figuras frágeis e patéticas de Lula e Serra - são forças políticas gigantescas derivadas de diferentes classes sociais pretendendo conquistar (no caso de Lula) ou manter (no caso de Serra) o espaço do poder de decisão. Já vai fazer 200 anos que Karl Marx ensinou esse beabá e quase ninguém ainda aprendeu. Política é luta de classes, não de egos.

Portanto, não adianta muito ficar assistindo a debates para decidir qual o melhor, pois o discurso do candidato dificilmente vai expressar o interesse das classes que cada candidato representa. Pelo contrário: ele tentará mostrar que está falando em nome do interesse geral de todos os brasileiros, em nome de todas as classes.

Por outro lado, as pessoas geralmente também não admitem que votam num candidato por interesse de classe. Quem vota no Serra alegando que Lula não tem capacidade, votariam nesse mesmo Lula se ele estivesse no lugar de Serra e fosse ele o candidato de Fernando Henrique (suponhamos que Lula fosse um sindicalista bem medíocre, manipulável e FHC o tivesse convidado para fazer parte de seu governo, como Collor fez em relação a Rogério Magri. Lembram?). E assim com os papéis trocados, o que esses eleitores de Lula alegariam dessa vez? Que a falta de formação de Lula o tornava um autêntico representante do povo brasileiro e, por isso, merecia o voto de todos. Ou que sua ligação com os sem-terra, longe de representar um risco, seria a garantia de uma perfeita interlocução entre eles e o futuro governo para reduzir o conflito no campo. E que José Serra seria um intelectual e, por isso, não poderia estar representando os interesses dos trabalhadores.

Votei e votarei em Lula não por causa da pessoa do Lula, mas porque nele estão depositadas esperanças de segmentos socias que sempre estiveram à margem das decisões políticas do país e sua eleição pode representar a possibilidade de intervenção dessas camadas no processo decisório. Se ele realmente vai corresponder a essas esperanças, não sei. O que me interessa é a simples possibilidade de isso vir a acontecer e motivar a participação política desses setores sociais.

Pelo mesmo motivo, não voto em José Serra porque ele estará, como está e sempre esteve, a serviço dos interesses das classes que sempre dominaram o país, e não porque ele tem o diploma de curso superior que Lula não tem. Não resuma uma eleição presidencial a uma prova de títulos. Ela sempre representa algo muito maior que isso. Mostre-se um eleitor inteligente. É bem ridículo esse argumento da escolaridade. Fernando Henrique tem diplomas e títulos. Doutor Honoris Causa em várias universidades. Sim. Mas responda sinceramente: de que adianta isso se o que ele sempre fez no governo foi atender à sanha e aos desejos dos grupos mais atrasados do país? E se um diploma de curso superior fosse assim tão decisivo, porque os maiores roubos do país não foram feitos por gente sem escolaridade mas por gente letrada, formada, diplomada?

Essa tentativa de desmerecer o candidato Lula já me fez receber e-mails dizendo que Lula nunca trabalhou e nunca teve experiência de administrar sequer uma quitanda da esquina. É apenas um líder do PT. Ora! E o que é mais simples? Administrar uma quitanda de esquina ou estar à frente de um dos maiores partidos do país, com centenas de prefeitos e vereadores, e vários governadores e senadores? São argumentos falaciosos que escondem o verdadeiro motivo da rejeição ao nome de Lula: sua origem política, sua ligação - hoje nem tão forte assim - com a classe que constrói e sustenta esse país: a classe trabalhadora.

Isso para as classes altas e para as classes médias que pensam que vão ter garantias num governo de José Serra, é simplesmente insuportável.

Kali.
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mas do mundo,
bem mais importante
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