Poemas kálidos:

A Lenda do Beijo
A Mulher que Namorou o Tempo
Aldeia Global
Evolução
Lábios Trêmulos
Poema do Ciúme
Poesia Concreta
Poema do Blogueiro
Cachorra
 

       
Contos kálidos:


A Repulsa
Duetos
Os Olhos do Velho
Tempestade de Neve



Águas passadas 

2002

jan fev mar abr
mai jun jul

ago

set

out

nov

dez

2003

janfev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2004

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2005

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2006

jan fev mar abr
mai jun jul ago

set

out

nov

dez

2007

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2008

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2009

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2010

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2011

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2012

fev

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

 



Blogs:

 
(Selo que concedo
aos blogs que admiro)

Recebi:

Visitantes:

Powered by Blogger

 

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2002

Em homenagem às mulheres que lêem este blog, um trecho, em cor de rosa-choque, de um grande poeta do passado: Ovídio. Segundo Montesquieu, Ovídio foi o "que desvendou os mais belos segredos da natureza", que "ensinou aos homens a soltar o suspiro adequado e às mulheres recebê-lo; aos homens, saber o momento propício aos amantes, e às mulheres, oferecê-lo." Ovídio nasceu em 43 a.C., em Sulmona, na Itália. Sua literatura pressupõe que os homens e mulheres são livres de corpo e de sentimentos. Sem falsos moralismos, o universo de Ovídio é totalmente desprovido de pecado. Para vocês, mulheres, com kálidas saudações.

Enquanto Vênus me inspira, procurem aqui lições, ó mulheres! Eu falo para mulheres a quem o pudor, as leis e condição autorizam aproveitá-las. Desde já pensem na velhice que virá: assim não deixem passar nenhum momento sem aproveitá-lo. Enquanto puderem, estando ainda na primavera da vida, divirtam-se; os anos passam como a água que corre; a onda que passou na sua frente não voltará mais de onde ela veio; assim também a hora que passou não pode mais retornar. É preciso aproveitar sua idade; ela foge rapidadmente e, por mais feliz que ela seja, será menos feliz do que aquela que a precedeu. No lugar desses espinhos retorcidos floriam violetas; esta moita espinhosa me propiciou outrora encantadoras coroas. Dia virá em que você, que agora manda os apaixonados embora, velha e abandonada, ficará sozinha à noite sobre seu leito frio. Sua porta não será quebrada durante uma briga noturna, e de manhã você não encontrará a soleira coberta de rosas. Tão rápido, infelizmente! A pele se torna flácida, formando rugas, enquanto desaparece a bela cor do rosto gracioso; esses cabelos brando que você jura que já tinha quando era jovem bruscamente cobrirão toda sua cabeça. As serpentes, saindo de sua fina pele, se despoja de sua velhice, e o cervo não é mais velho quando seus cornos caem; mas para nós não há recursos quando desaparecem nossos encantos: colham a flor, pois, se ela não for colhida, penderá e cairá sozinha. Além do mais, dar à luz faz envelhecer mais cedo: repetidas colheitas envelhecem o campo.

Endimião não a envergonhou, ó Lua, sobre o monte Latmo, Céfalo não foi uma conquista indigna da deusa com dedos de rosa; e Vênus, sem falar de Adonis, que ela não cessa de chorar, de onde vieram Enéias e Harmonia, seus filhos? Sigam, mortais, o exemplo das deusas e não neguem aos desejos de seus amantes os prazeres que vocês podem lhes dar.

Admitindo que eles as enganem, o que vocês perdem? Tudo o que vocês têm fica. Mil homens podem ter seus encantos à disposição deles; eles não os roubam. Com o uso do ferro se gasta e a pedra diminui; mas a coisa a que me refiro resiste a tudo e não há porque temer o menor dano. Quem recusaria a deixar acender uma chama em outra chama? Quem vigiaria as águas abundantes do mar profundo? Entretanto, haverá uma mulher para responder a um homem: "Nada feito". Como? O que você perde? A água que você usa para se lavar. Por outro lado, minha voz não as aconselha a se entregarem a qualquer um, mas pede para não recearem um perda imaginária: vocês não perdem nada se entregando.

Mais tarde será preciso o sopro de um vento mais possante; enquanto estou no porto, que uma ligeira brisa me empurre para frente!

Isso tudo escrito há dois mil anos. Bem antes de o cristianismo ter podado, durante séculos e séculos, a satisfação dos mais caros, íntimos e preciosos desejos femininos. A castração físicas de mulheres africanas é algo assombroso, mas a castração mental e moral das mulheres pela religião cristã teve o mesmo efeito: garantir ao homem uma fêmea dócil, submissa e tolhida. Tenho dito. Eu, Kali.

Kali.
Gostou, assine.



 

 

Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

Creative Commons License

Blog Kálido, escrito por kali, é licenciado sob as seguintes condições:
Creative Commons:
Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas
2.5 Brasil License
.

 



Clique
nos cartões abaixo
para ver os diálogos.

imagens:
Kim Anderson
textos: kali