Poemas kálidos:

A Lenda do Beijo
A Mulher que Namorou o Tempo
Aldeia Global
Evolução
Lábios Trêmulos
Poema do Ciúme
Poesia Concreta
Poema do Blogueiro
Cachorra
 

       
Contos kálidos:


A Repulsa
Duetos
Os Olhos do Velho
Tempestade de Neve



Águas passadas 

2002

jan fev mar abr
mai jun jul

ago

set

out

nov

dez

2003

janfev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2004

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2005

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2006

jan fev mar abr
mai jun jul ago

set

out

nov

dez

2007

jan fev mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2008

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2009

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2010

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2011

jan

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

2012

fev

fev

mar abr
mai jun jul ago
set out nov dez

 



Blogs:

 
(Selo que concedo
aos blogs que admiro)

Recebi:

Visitantes:

Powered by Blogger

 

 

sábado, 31 de agosto de 2002

Vamos falar de um certo filósofo grego.

Epicuro nasceu em 341 a.C., na ilha grega de Samos, ostentando a cidadania ateniense herdada do pai. Começou a estudar filosofia em Samos mesmo, aos 14 anos. Foi nessa época que fez a pergunta “e o Caos, de onde veio?” ao ouvir de seu professor de gramática o verso de Hesíodo de que todas as coisas vieram do Caos.

Aos 18 anos transferiu-se pra Atenas para prestar os dois anos de serviço militar. Lá irá encontrar os grandes filósofos da época (Aristóteles estava exilado de Atenas e morreria no ano seguinte). Em 322, após a morte de Alexandre Magno, o sucessor deste decide expulsar todos os colonos atenienses. A família inteira de Epicuro vai na leva. Em Cólofon, onde foi parar com seus familiares desterrados, funda sua própria escola e já começa a revisar os ensinamentos de Demócrito cuja filosofia conhecera em Teos, próximo dali.

Entre 311 e 310 funda outra escola na lendária ilha de Lesbos, mas os aristotélicos não a deixam florescer. Mudando-se para Dardanelos, é a vez de entrar em choque com os platônicos, mas consegue instalar uma escola. E aqui ele conquista os amigos-seguidores que o acompanharão o resto da vida. Em 306 retorna a Atenas, adquire uma ampla casa construindo em seu entorno um grande jardim. É ali que vai estabelecer sua escola que ficou conhecida como o Jardim de Epicuro. Em 270 a.C., o segundo da 127ª Olimpíada, Epicuro morre aos 72 anos de idade.

A doutrina de Epicuro

A filosofia de Epicuro direciona o ser humano para a busca de sua felicidade, através de uma postura serena e consciente diante da vida e da morte. Os epicuristas tinham uma tarefa para sua filosofia: a de tornar os homens felizes. Não pela busca insana do prazer e dos bens materiais, pelo contrário: “a quem pouco não basta, nada basta”. O epicurismo pretende deixar o espírito mais livre, o mais despojado, o mais puro para captar os prazeres que realmente valem a pena buscar, como o prazer da leitura, da contemplação da vida ou da conversa com os amigos esclarecidos, o sentimento da fraternidade que une os homens livres de preconceitos.

Através do verdadeiro conhecimento das coisas do mundo e seus efeitos sobre os homens, essa doutrina ensinava as pessoas a serenidade diante de todos os males e dificuldades da vida, inclusive da própria morte. Para Epicuro, um homem sábio jamais poderia temer a morte, pois para ele todo bem e todo mal vem das sensações, e a morte é justamente a privação delas.

Não é para menos que o epicurismo é uma filosofia de alento para o ser humano: ela floresceu numa época em que o mundo desmoronava diante dos gregos: o fim de sua civilização. Dominados, escravos, expulsos de sua terra, o fim da liberdade, da religião, da vida política e da pátria gregas. Atenas é vítima da miséria econômica e da miséria política.

A época de Epicuro foi de todas a mais trágica: as grandes cidades gregas, Atenas e Esparta, perderam-se nas guerras; Felipe e Alexandre da Macedônia conquistaram o mundo grego e a Ásia, até a Índia; os sucessores de Alexandre batem-se. Atenas, que tinha sido a cidade de Péricles, que tinha salvo a Grécia da grande massa asiática, é arrastada por um extraordinário turbilhão. Sucedem-se guerras e agitações. De 3047 a 261, mudam várias vezes, os partidos disputam poder. . A desgraça instala-se entre os gregos. A desordem e a angústia aumentam dia-a-dia. Por quatro vezes, um príncipe estrangeiro estabelece um governo e modifica as instituições. Três movimentos libertadores são afogados em sangue. Atenas sofre quatro cercos.

Sangue, incêndios, expulsões, assassínios: esse é e cenário desolador é que surge a filosofia do jardim, como uma flor que nasce no meio do estrume. O terreno fétido e putrefato lhe dá toda sua força e exuberância.

Pérolas do epicurismo:

“O sábio nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não-viver não é um mal.”

"De todas as coisas que nosso oferece a sabedoria para a felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade".

“Não temos tanta necessidade da ajuda dos amigos como de confiança de sua ajuda.”

“A amizade dança à volta do mundo, gritando-nos que despertemos para a felicidade”.

“Assim como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo que ele colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve.”

“Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada por sua falta: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita.”

“Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentido, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.”

“Não são, pois, bebidas, nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de uma mesa farta que tornam doce uma vida, mas um exame cuidadoso que investigue as causas da toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtudes das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos”.

“Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem canse o fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro pra conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou, assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz.”

“O essencial para nossa felicidade é a nossa condição íntima:e desta somos nós os senhores.”

“É necessário crer que os mundos e toda combinação finita nascem do infinito.”

“A vida do insensato é ingrata, encontra-se em constante agitação e está sempre dirigida para o futuro.”

“Quem menos sente a necessidade do amanhã mais alegremente se prepara para o amanhã.”

“Quando te angustias com as tuas angústias, te esqueces da natureza: a ti mesmo te impões infinitos desejos e temores.”

“Então quem obedece à natureza e não às vãs opiniões, a si próprio se basta em todos os casos. Com efeito, para o que é suficiente por natureza toda a aquisição é riqueza, mas, por comparação com o infinito dos desejos, até a maior riqueza é pobreza.”

“Encontro-me cheio de prazer corpóreo quando vivo a pão e água e cuspo sobre os prazeres da luxúria, não por si próprios, mas pelos inconvenientes que os acompanha.”

“A quem não bastam pouco, nada basta.”

“Não deves corromper o bem presente com o desejo daquilo que não tens; antes deves considerar também que aquilo que agora possuis se encontrava no número dos teus desejos.”

“O homem que tenha alcançado o fim da espécie humana será honesto mesmo que ninguém se encontre presente.”

“Ateu não é o que não crê em Deus, mas o que crê na imagem que o povo faz de Deus.”

“Acostuma-te à idéia de que a morte pra nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem ns sensações, e a morte é justamente a privações das sensações.”

“Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada pra nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos.”

Kali.
Gostou, assine.



 

 

Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

Creative Commons License

Blog Kálido, escrito por kali, é licenciado sob as seguintes condições:
Creative Commons:
Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas
2.5 Brasil License
.

 



Clique
nos cartões abaixo
para ver os diálogos.

imagens:
Kim Anderson
textos: kali