Maravilhosos os comentários que recebo. Gratificante. É por isso que sempre gosto de deixar um comentário onde passo. Se possível, em forma de poesia. Claro, se me ajudar o engenho e arte. Falar nisso, o poema a que Flávia Albuquerque do Meu Divã se referiu num dos comments anteriores foi esse aí, QUARTO MINGUANTE. É que, visitando o ma-ra-vi-lho-so site Afrodite Sem Olimpo, da Claudia Letti me deparei com esse post:

"Diz a lenda que quando a virada de um ano se dá com uma lua minguante devemos mentalizar todas as coisas que queremos que diminuam em nossa vida, de tamanho, foco ou proporção. Então, este será um ano de pedir prá minguar a falta de clareza, de iniciativa, a procrastinação, o adiamento dos planos, a incapacidade de resolver, de não ver, de não acreditar. Que mingue todo o excesso de medo, de egocentrismo, de ansiedades e inseguranças. Que mingue a escassez de sonhos, de perspectivas, de saúde, de carêcias (tantas!), de grana e de expectativas. Que mingue a pequenez, a picuinha e a mediocridade. Que mingue tudo aquilo que nos impede de melhorar, de aprender, de crescer, de ser e de "viver". "

Que me inspirou esse poema que lá deixei (com pequenas alterações, que a inconstância do meu ser sempre provoca):

QUARTO MINGUANTE

Desejou
Que todo o mal minguasse,
Que morresse à míngua,
Que acabasse.

E tanto desejou
Que ao ver a lua minguante no céu
pensou que ela só minguou
porque de minguar tanto pensou.

E nem se atinara
Que a lua, não por ser má,
Mas por ser boa que minguara,
A menina, de tristeza, chorou.

Ao sumir então, por dias, a lua no céu
Sumiu, no chão, a alegria da menina,
Ao léu.

Até que numa noite,
Por entre lágrimas,
viu a menina
A lua cheia brilhar de novo no céu.

Então, de sua boca
Fez-se um arco de lua crescente,
E das lágrimas que tocavam seus lábios
Fez-se mel.

E de seu quarto minguante
Fez-se quarto crescente
Iluminado por um raio.
Um raio prateado
Cuja luz todo o quarto cobriu,
Como um véu.

Um raio de luar.
Do céu.

Posted by kali @ 01/03/2003 07:17 PM